A igreja em Colossos.

As obras da carne – II.

Gl 5:19-21.

Introdução.

1.      Nosso estudo sobre as obras da carne, como encontrado em Gl 5:19-21 agora se concentra em dez pecados...

a.      São eles: “inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias”.

b.      Que foram classificados como infrações à lei do amor.

2.      Muitos acham que é difícil conceber que esses dez pecados sejam realmente algo muito terrível...

a.      Observe este clipping, feito do site do portal G1 Em (22/7/2013) (Carvalho, 2013), sob o título “No Brasil, Papa deve reforçar gestos contra pecados que desafiam igreja”:

Longe dos aposentos espaçosos do antecessor e mais próximo dos fiéis, Papa Francisco mostra um conjunto de gestos que aos poucos se transforma em mensagem do seu pontificado, segundo vaticanistas e estudiosos da religião ouvidos pelo G1.

Para eles, se a crise da Igreja Católica coubesse apenas dentro da clássica lista dos sete pecados capitais, Francisco já teria dado exemplos diretos de como encontrar as primeiras saídas.
Os sete pecados capitais, listados por Tomás de Aquino e utilizados na Divina Comédia por Dante Alighieri, resumem concepções teológicas daquilo que os fiéis devem evitar. O novo Papa, que já se disse pecador, afirmou em maio que admitir os erros é o primeiro passo. Para os especialistas, Francisco tenta mostrar na prática como iniciar a caminhada.

b.      O título faz parecer que o papa está declarando algo novo, mas como o ele próprio afirmou, isto é o que Paulo ensinou em passagens como a que estamos estudando.

c.       Em sua discussão sobre o assunto, o papa João Paulo II citou Paulo, o apóstolo do primeiro século, como dando ao cristianismo uma definição muito ampla dos pecados da carne:

É significativo que Paulo, falando das “obras da carne” (cf. Gl 5:19-21), mencione não só “prostituição, impureza, desonestidade... embriaguez, orgias” — portanto tudo o que, segundo um modo de compreender objetivo, reveste o caráter dos “pecados carnais” e do gozo sensual ligado com a carne —, mas nomeie também outros pecados, a que nós seríamos levados a atribuir um caráter também “carnal” e “sensual”: “idolatria, malefícios, inimizades, contendas, iras, rixas, discórdias...” (Gl 5:20-21) (II, 1981).

3.      Na verdade, o que é dito da imoralidade e da embriaguez é também dito destes dez pecados: “... os que praticam tais coisas não herdarão o reino de Deus”.

Portanto, existe uma grande necessidade de sermos informados sobre o que esses pecados sugerem, e fazer um esforço concentrado para colocá-los fora de nossa vida...

I.                  Pecados que violam a lei do amor.

A.   A inimizade (echthra).

1.       Echthra significa hostilidade, inimizade, ódio – (Strong, 2002).

2.       Descreve um estado ou atitude da mente para com outras pessoas que coloca barreiras entre elas e você.

3.       A inimizade é o oposto do amor (ágape); considere o contraste:

a.       ágape - uma atitude de espírito que nunca vai permitir-se ser amargo para qualquer pessoa; buscando sempre o bem maior dos outros.

b.      echthra - a atitude que coloca barreiras e traz a espada da divisão.

4.       Quando permitimos que as obras da carne governem (por exemplo, echthra), não deixamos que o Espírito produza o fruto apropriado em nossa vida (por exemplo, ágape).

B.   Porfias, contendas, dissenção (eris).

1.       Eris tem uma forte ligação com echthra; é o resultado na vida real deste estado mental.

2.       Paulo usa esta palavra para descrever um dos males característico do mundo pagão - Rm 1:28-29.

3.       Infelizmente, ela também pode descrever a condição de alguém que pode estar na igreja - cf. 1Co 1:11; 3:3.

4.       Este pecado em particular invade igrejas com mais frequência do que muitos outros.

a.       Por causa da nossa tendência a categorizar pecados, podemos relaxar permitir que este cause mais estrago do que pecados como fornicação, adultério.

b.      Este pecado é o que mais destrói a comunhão cristã; ele vai destruir tão facilmente uma congregação local (talvez até mais) quanto os pecados de impureza moral.

C.   Ciúmes, inveja (zelos).

1.       Zelos pode ser bom ou ruim.

a.       Usado em num bom sentido.

1)      Is 9:7 - “O zelo do Senhor dos exércitos fará isso”.

2)      Rm 10:1-2 - “... eles têm zelo por Deus...”

3)      Usado para descrever uma emoção de mente, ardor, fervor de espírito, por algo de bom.

b.      Usado num mau sentido.

1)      1Co 3:3 - “Porque onde há inveja...”

2)      2Co 12:20 - “Porque eu temo... para que não haja... ciúmes...”

3)      O fervor de espírito que é mal dirigido, resultando em uma forma de inveja e ciúme que é destrutivo nas relações pessoais.

2.       O zelo que é mal direcionado é principalmente voltado para si mesmo; isto é, egoísta.

a.       Quando somos zelosos por Deus, é bom.

b.      Quando somos zelosos em nome do bem-estar dos outros, é bom.

c.       Mas quando estamos com ciúmes por razões egoístas, é errado!

3.       Esse ciúme era uma marca da carnalidade dos cristãos de Corinto - cf. 1Co 3:1-3.

4.       Tendo em vista a vinda de Cristo, zelos (ciúme) é uma das “obras das trevas” que precisamos evitar - Rm 13:11-14.

D.  Ira (thumos).

1.       Esta palavra descreve...

a.       A chama de temperamento que se alarga em palavras e ações violentas.

b.      O temperamento explosivo, descontrolado.

2.       Não deve ser confundida com...

a.       Indignação justa, que é adequada e controlada; por exemplo, a justa indignação de Deus - Rm 2:4-11.

b.      A ira que é corretamente controlada não tem permissão para produzir o pecado - cf. Ef 4:26-27.

3.       Alguns tentam desculpar seus temperamentos explosivos como sendo simplesmente hereditário...

a.       “É assim que eu sou”.

b.      “É da natureza humana”.

c.        “Sou nordestino, cabra macho”.

4.       Mas os cristãos, não importa qual a sua natureza, são abençoados para se tornarem participantes da natureza divina, e deve, portanto, colocar de lado essas coisas - cf. 2Pe 1:3-4; Ef 4:31-32; Cl 3:8-11.

E.    Discórdias (Eritheia).

1.       Esta palavra descreve uma atitude errada na realização de qualquer trabalho; por exemplo...

a.       Trabalhar exclusivamente por dinheiro.

b.      Buscar e seguir uma carreira política puramente por interesses pessoais e ambição.

c.       Fazer a obra do Senhor com um desejo de reconhecimento, ambição pessoal, ou de rivalidade.

2.       É usado para descrever aqueles que foram pregar a Cristo por inveja - cf. Fp 1:17.

3.       É esta palavra que descreve aqueles que criam divisões e partidos na igreja...

a.       Que estão agindo por vanglória e desejo de ser o primeiro.

b.      Ao invés de sair de um verdadeiro desejo de defender a verdade.

4.       É contrário ao que “a mente de Cristo” descreve em Filipenses 2:3-5.

F.    Dissensões (Dichostasia).

1.       Esta palavra significa literalmente “ficar à parte”.

2.       Ela descreve uma condição onde toda comunhão, toda união desapareceu.

a.       Esta era a condição da igreja em Corinto - cf. 1Co 3:3.

b.      Paulo ensinou que devemos notar bem aqueles que causam divisão - Rm 16:17.

3.       Isso pode ser devido a:

a.       Divisão pessoal (quando duas pessoas se recusam a falar uma com a outra).

b.      Divisão de classes (isto é, a luta de classes entre ricos e pobres, etc.).

c.       Divisão partidária (onde a devoção ao partido sobe acima de devoção ao princípio).

d.      Divisão racial (judeus vs. gentios, gregos vs. bárbaros, brancos vs. negros).

e.       Divisão teológica (mau uso de rótulos e de forma injusta imputá-los sobre os outros).

f.        Divisão eclesiástica (divisão da igreja, especialmente na forma denominacional).

4.       Este pecado é cometido quando confundimos...

a.       O preconceito com o princípio.

b.      A teimosia sem razão com inabalável resolução.

G.  Facções (Hairesis).

1.       Mais comumente denota um grupo pertencente a uma escola particular de pensamento ou ação.

a.       Tal como a seita dos saduceus - At 5:17.

b.      Ou a seita dos fariseus - At 15:5.

2.       Pedro usou para descrever falsos mestres que trariam divisões destrutivas - 2Pe 2:1.

3.       Assim, refere-se a divisão, especialmente a provocada por falso ensino.

4.       Esta palavra veio a significar uma crença ou doutrina que é contrária à ortodoxia ou a verdade.

H.  Inveja (Phthonos).

1.       William Barclay (Barclay, 1985) oferece essa distinção entre phthonos e zelos:

a.       Zelos é a inveja que lança olhares relutantes.

b.      Phthonos é a inveja que chega a atos hostis.

2.       Também pode adicionar esta distinção:

a.       Zelos é menos grave, menos amargo, menos maligno do que phthonos

b.      Mas zelos, se não for controlada, pode resultar em phthonos.

3.       Zelos pode ter sentido tanto bom quanto mau, phthonos é sempre ruim.

a.       Foi phthonos que moveu os líderes judeus a entregar Jesus a Pilatos - Mt 27:18.

b.      Phthonos é indicativo de uma disposição mental reprovável, que nega a Deus - Rm 1:28-29.

c.       Muitas vezes, é resultado do ensino adulterado da Palavra de Deus - 1Tm 6:3-4.

d.             Típico de nossa vida antes da salvação - Tt 3:3.

e.       Mas é parte do que devemos “deixar de lado” - 1Pe 2:1.

Conclusão.

1.       Homicídios (ARC, assassinato - BV) não é encontrado nos manuscritos mais antigos, portanto, omitido nalgumas traduções...

a.       Embora seja uma infração à lei do amor - cf. Rm 13:9.

b.      É o mesmo pecado de que aqueles que odeiam são culpados - cf. 1Jo 3:15.

2.       Porque é que tais pecados são incluídos nas obras da carne?

a.       Por causa do que Jesus fez na cruz.

1)      É verdade que Ele morreu para reconciliar o homem com Deus - cf. 2Co 5:18-21.

2)      Mas também para reconciliar o homem com seu próximo em um só corpo! - Cf. Ef 2:13-16.

b.      Porque estamos mantendo esta reconciliação.

1)      Não é só a reconciliação vertical que temos com Deus que nos leva a viver uma vida santa (é por isso que também devemos evitar pecados de impureza moral).

2)      Mas também a reconciliação horizontal que temos uns com os outros, que nos leva a manter a unidade do Espírito no vínculo da paz - cf. Ef 4:1-3.

3.       Por isso, infrações à lei do amor desfazem a obra de Cristo na cruz!

a.       Ousamos cometer pecados de impureza moral e pôr em perigo a nossa reconciliação com Deus?

b.      Também não devemos violar a lei do amor e comprometer a nossa reconciliação com o próximo.

4.       Eles também nos impedem de produzir o fruto do Espírito em nossa vida...

a.       Por isso, tais pecados são certamente contrários ao Espírito - cf. Gl 5:17.

b.      O que torna impossível para nós desfrutar de amor, alegria, paz, etc. - cf. Gl 5:22.

Nosso próximo estudo irá concluir nossa olhada nas obras da carne tratando os pecados da intemperança...